Para alguns eles estão obsoletos há anos, para outros
são obras de arte e a maneira mais saudável para se ouvir música
Entramos há
alguns dias no segundo ano da segunda década do século 21. Vivemos em uma época
em que a tecnologia, para alguns chamada de tecnologia de ponta, dita as regras
do mercado e faz com que muita gente esteja sempre com uma grande necessidade
de consumo para não ficar "para trás", não ser "out" como
muitos dizem por aí, ou simplesmente não está antenado.
Foto de Ivan Gomes |
Mesmo com
tudo isso e com toda a parafernália que inventaram para que as pessoas ouçam
música, um velho conhecido teima em não sair de cena. Falo aqui do bom e velho
disco de vinil. Ele que é um dos formatos mais antigos para se ouvir música,
chega ao século 21 com grande apelo comercial e também artístico, pois os
pequenos encartes dos compact discs (CDs) não comportam tanta imaginação de
grandes artistas plásticos que fazem de uma simples capa, um grande trabalho de
arte.
Foto de Ivan Gomes
Para quem
não sabe, o vinil não está em um momento de retorno, pois ele nunca saiu de
cena, basta você frequentar sebos e boas lojas do ramo para conferir. Se no
Brasil, as grandes gravadoras abandonaram este formato em meados da década de
90 do século passado, artistas independentes, assim como vários selos, nunca
abriram mão de lançar suas músicas em vinil, seja em sete, 10 ou 12 polegadas.
Atualmente, os discos das bandas e selos independentes estão ainda mais bonitos
e estilosos do que eram há alguns anos. Hoje me dia os discos são lançados em vários
formatos, coloridos e com capas cada vez mais pensadas e bem desenhadas. As
bandas de rock são as que mais investem no vinil, devido não apenas com a
preocupação com a música, mas também com a arte, afinal, uma capa de disco pode
dizer muito sobre uma banda.
Foto de Ivan Gomes |
E nos
últimos anos nós que acompanhamos de perto o movimento denominado underground, tivemos o privilégio de
acompanhar boas bandas que lançaram obras importantes e no formato vinil. Um
belo exemplo são os cariocas d'Os Estudantes que em 2010 lançaram o EP em sete
poligadas "Perdão", disco com cinco músicas, em 45 rotações. Além de
músicas de qualidade, o disco é muito bem gravado e o amante deste formato com
um bom toca discos em casa confere este ótimo compacto que tem uma arte muito
bem elaborada pelo vocalista Victor. O vocalista d'Os Estudantes também é
responsável pela arte do EP em sete polegadas da banda capixaba Os Pedrero que no
mesmo ano lançou o EP Pin Up Gordinha.
Além deles,
várias outras bandas aproveitaram para lançar seus discos, mas em 2011, três
lançamentos se destacaram. Duas bandas do Espiríto Santo, Morto pela Escola e
Merda, lançaram um split em vinil sete polegadas. O disco é amarelo e em cada
lado há uma das bandas. O pessoal do Merda lançou cinco músicas enquanto o
pessoal do Morto soltou três faixas "na pequenina bolacha". Em cada
lado há ótimos trabalhos de capa e a gravação é excelente, não devendo nada a
qualquer CD.
Outro
lançamento foi o álbum Aqua Mad Max dos bragantinos do Leptospirose. Eles que
em meados de 2011 lançaram o terceiro CD, em outubro lançaram o álbum em vinil
de 12 polegadas. Após ouvir os dois formatos, deu para sacar que o som do
Leptos é muito mais pesado e radical em vinil. Além das músicas, que ficam mais
pesadas, ao menos em minha opinião, é gritante a diferença da arte do disco. Em
vinil, a capa fica muito mais assustadora e o encarte fica mais visível e belo.
Foto de Ivan Gomes |
O terceiro
lançamento de 2011 que me chamou a atenção foi o EP em sete polegadas da banda
campineira Drákula. Eles lançaram no final do ano "Vilipêndio à
Cadáver" em edição limitada de 300 peças. Dessas, os cem primeiros discos
brilham no escuro e as outros 200 são vermelhos, um tom que lembra bastante a
sangue. Música de qualidade, gravação idem e o trabalho gráfico de Daniel ETE
ganha outro sentido em capa de disco, mesmo que seja de um compacto de sete
polegadas.
E os lançamentos de discos não param
por aí. Outras bandas também têm álbuns em vinil. Se você pensa que o que
estamos vivendo é um retorno do vinil, esqueça. Os discos nunca deixaram de ser
produzidos. Nos Estados Unidos e Europa é possível encontrar álbuns recentes de
bandas consagradas em formato vinil. O Metallica é um grande exemplo. Todos os
lançamentos ocorreram em CD e também em vinil, o que prova que, no exterior,
ele nunca foi deixado de lado. Pela dificuldade em falsificar gravações neste
formato, as grandes indústrias fonográficas voltam seus olhos para os discos
que nunca foram tão obsoletos e também tão atuais como agora.
Para
comprovar o que foi escrito, basta você acessar sites, blogs ou ir até uma loja
ou sebo. E se você tem vinil em casa e pensa em se desfazer, cuidado, pois tem
disco por aí que custa cerca de R$ 4 mil e são disputados a tapas por
colecionadores. Exemplos, o álbum "Louco Por Você", primeiro disco de
Roberto Carlos e o álbum Paebiru de Lula Côrtes e Zé Ramalho. Ouvir música no
carro, indo para o trabalho ou na prática de exercícios físicos é muito bom,
mas nada supera o prazer de sentar-se em uma poltrona e por um vinil no toca
discos, se possível no volume máximo.
Foto de Ivan Gomes |
Por Ivan Gomes, 33, editor do Fanzine/blog Canibal Vegetariano
Contato: http://canibalvegetariano77.blogspot.com/ ou e-mail:
nkrock@hotmail.com
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