18 de janeiro de 2012

Discos de Vinil: mais bonitos e estilosos


Para alguns eles estão obsoletos há anos, para outros são obras de arte e a maneira mais saudável para se ouvir música

Entramos há alguns dias no segundo ano da segunda década do século 21. Vivemos em uma época em que a tecnologia, para alguns chamada de tecnologia de ponta, dita as regras do mercado e faz com que muita gente esteja sempre com uma grande necessidade de consumo para não ficar "para trás", não ser "out" como muitos dizem por aí, ou simplesmente não está antenado.

Foto de Ivan Gomes
Mesmo com tudo isso e com toda a parafernália que inventaram para que as pessoas ouçam música, um velho conhecido teima em não sair de cena. Falo aqui do bom e velho disco de vinil. Ele que é um dos formatos mais antigos para se ouvir música, chega ao século 21 com grande apelo comercial e também artístico, pois os pequenos encartes dos compact discs (CDs) não comportam tanta imaginação de grandes artistas plásticos que fazem de uma simples capa, um grande trabalho de arte.


Foto de Ivan Gomes

Para quem não sabe, o vinil não está em um momento de retorno, pois ele nunca saiu de cena, basta você frequentar sebos e boas lojas do ramo para conferir. Se no Brasil, as grandes gravadoras abandonaram este formato em meados da década de 90 do século passado, artistas independentes, assim como vários selos, nunca abriram mão de lançar suas músicas em vinil, seja em sete, 10 ou 12 polegadas. Atualmente, os discos das bandas e selos independentes estão ainda mais bonitos e estilosos do que eram há alguns anos. Hoje me dia os discos são lançados em vários formatos, coloridos e com capas cada vez mais pensadas e bem desenhadas. As bandas de rock são as que mais investem no vinil, devido não apenas com a preocupação com a música, mas também com a arte, afinal, uma capa de disco pode dizer muito sobre uma banda. 

Foto de Ivan Gomes
E nos últimos anos nós que acompanhamos de perto o movimento denominado underground, tivemos o privilégio de acompanhar boas bandas que lançaram obras importantes e no formato vinil. Um belo exemplo são os cariocas d'Os Estudantes que em 2010 lançaram o EP em sete poligadas "Perdão", disco com cinco músicas, em 45 rotações. Além de músicas de qualidade, o disco é muito bem gravado e o amante deste formato com um bom toca discos em casa confere este ótimo compacto que tem uma arte muito bem elaborada pelo vocalista Victor. O vocalista d'Os Estudantes também é responsável pela arte do EP em sete polegadas da banda capixaba Os Pedrero que no mesmo ano lançou o EP Pin Up Gordinha.

Além deles, várias outras bandas aproveitaram para lançar seus discos, mas em 2011, três lançamentos se destacaram. Duas bandas do Espiríto Santo, Morto pela Escola e Merda, lançaram um split em vinil sete polegadas. O disco é amarelo e em cada lado há uma das bandas. O pessoal do Merda lançou cinco músicas enquanto o pessoal do Morto soltou três faixas "na pequenina bolacha". Em cada lado há ótimos trabalhos de capa e a gravação é excelente, não devendo nada a qualquer CD.

Outro lançamento foi o álbum Aqua Mad Max dos bragantinos do Leptospirose. Eles que em meados de 2011 lançaram o terceiro CD, em outubro lançaram o álbum em vinil de 12 polegadas. Após ouvir os dois formatos, deu para sacar que o som do Leptos é muito mais pesado e radical em vinil. Além das músicas, que ficam mais pesadas, ao menos em minha opinião, é gritante a diferença da arte do disco. Em vinil, a capa fica muito mais assustadora e o encarte fica mais visível e belo.

Foto de Ivan Gomes

O terceiro lançamento de 2011 que me chamou a atenção foi o EP em sete polegadas da banda campineira Drákula. Eles lançaram no final do ano "Vilipêndio à Cadáver" em edição limitada de 300 peças. Dessas, os cem primeiros discos brilham no escuro e as outros 200 são vermelhos, um tom que lembra bastante a sangue. Música de qualidade, gravação idem e o trabalho gráfico de Daniel ETE ganha outro sentido em capa de disco, mesmo que seja de um compacto de sete polegadas.

E os lançamentos de discos não param por aí. Outras bandas também têm álbuns em vinil. Se você pensa que o que estamos vivendo é um retorno do vinil, esqueça. Os discos nunca deixaram de ser produzidos. Nos Estados Unidos e Europa é possível encontrar álbuns recentes de bandas consagradas em formato vinil. O Metallica é um grande exemplo. Todos os lançamentos ocorreram em CD e também em vinil, o que prova que, no exterior, ele nunca foi deixado de lado. Pela dificuldade em falsificar gravações neste formato, as grandes indústrias fonográficas voltam seus olhos para os discos que nunca foram tão obsoletos e também tão atuais como agora.

Para comprovar o que foi escrito, basta você acessar sites, blogs ou ir até uma loja ou sebo. E se você tem vinil em casa e pensa em se desfazer, cuidado, pois tem disco por aí que custa cerca de R$ 4 mil e são disputados a tapas por colecionadores. Exemplos, o álbum "Louco Por Você", primeiro disco de Roberto Carlos e o álbum Paebiru de Lula Côrtes e Zé Ramalho. Ouvir música no carro, indo para o trabalho ou na prática de exercícios físicos é muito bom, mas nada supera o prazer de sentar-se em uma poltrona e por um vinil no toca discos, se possível no volume máximo.

Foto de Ivan Gomes
Por Ivan Gomes, 33, editor do Fanzine/blog Canibal Vegetariano

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