29 de setembro de 2010

Belo Horizonte Radical

Na quinta-feira 16/09, como é de costume, a conta bancária escolar estava com problemas. Na sexta de manhã, corri pro banco resolver uns lances e por volta das 11h00, parti junto de Sergio e Velhote pra Campinas, pegar o voo das 13:02 da companhia Gol, com destino à Belo Horizonte, onde faríamos/fizemos um show de rock pauleira em praça pública, dentro da edição inaugural do grandioso festival Transborda.

No caminho, uma boa dose de psicodelia com os californianos do Love, incontáveis audições da mixagem do disco novo do Leptospirose e, após um tempo, uma leve e cada vez mais gradativa preocupação com o nosso embarque. Quando tudo estava praticamente 100% “extourado” em termos de horário, demos numa encruzilhada que indicava São Paulo, Sorocaba e mais alguma coisa prum lado e Campinas mais duas outras cidades pro outro sem qualquer sinalização do aeroporto. Na tensão das horas liguei pro meu amigo campineiro Ete e não o encontrei. Dei uma volta a pé pelo arredores da encruzilhada, conversei com um caminhoneiro, corri pro carro e partimos em direção à placa de São Paulo.


Leptos no Festival Transborda
Como era esperado, não conseguimos embarcar no voo das 13h02, o voo seguinte da Gol era as 21h30, nosso show mineiro era as 20h30 e na tensão geral das coisas todas, compramos as duas únicas passagens disponíveis do voo Azul das 14h00 - agitamos o reembolso da ida com a Gol, descolamos um terceito ticket Azul e partimos pra Minas Gerais.

Durante todo este turbilhão, avisamos os mineiros do Coletivo Pegada sobre o nosso atraso de uma hora e rock. No avião, aquela coisa de sempre, desde o nosso acidente automobilístico europeu, todo e qualquer meio de transporte que nos conduz sem sermos os chefes da situação nos atormenta. Decolagem ok, pouso ok, medo aéreo geral, bagagens no carrinho, área de desembarque, encontro com Luciano do Coletivo Pegada, uma hora de van e hotel!!!

Hotel, bonito e elegante no maior estilo flat com sala, quarto, cozinha e banheiro. Ficamos lá de bobeira uma cara e as 19h30 fomos junto com o caras do Macaco Bong, que estavam hospedados no mesmo hotel, pro restaurante geral, bater um PF maravilha pura, ao lado de uma rapaziada massa total tipo, Foca DoSol e Alex Antunes. Depois do rango, embarcamos de van pro local do show, a Praça da Estação, lugar todo bonitão, central, com dois palcos altamente gigantes e bem equipados, onde estava rolando uma luta de classes entre o poder executivo de BH e o poder executivo de BH - que ao mesmo tempo, apoiava e criava empecilhos burocráticos que travavam a execução do evento.

Público curte Leptos em BH
 
Infelizmente, [por motivos de burocracia política inescrupulosa], não pudemos montar nossa barraca de mershandising que era muitíssimo pesada com 10 unidades de lecker, 10 de invernada, 10 de mula poney, 10 livros, 10 dvds, muitos vinis [que davam o peso] e algumas camisetas. Devido aos trâmites burocáritos governamentais de gesso, o evento estava atrasado, os camarins sendo montados, o som sendo passado, o público comparecendo, a webrádio fora do eixo se ligando, o som prestes a ser ecoado pelas gigantescas caixas de som que sonorizavam o ambiente e tudo mais ...

Atrás do palco, pouco antes do nosso show, o fabuloso tio do ECAD chegou junto querendo obter algumas informações a meu respeito, recebendo um caloroso CLARO da minha pessoa. Fomos direto ao assunto e quando ele disse que não conhecia o grupo Leptospirose confesso que fiquei muito pensativo/conflituoso, pois como alguém do ECAD ou da OMB, pode não conhecer o grupo Leptospirose? Frustradísso, sentindo-me um tanto não representado, destilei parte do nosso setlist pro tio num bate papo muito monstruoso onde eu dizia Slayer, ele pedia pra eu soletrar e eu soltava um clássico I-S-L-Ê-I-E-R e ele escrevia Islêier - uma hora eu disse: música 7 - Referências medievais se fazem urgentes - seguido de um lindo: - O sr. não acha? Mais na frente, música 9 - My name is Luis Henrique Camargo Duarte and yours? e ele respondeu: - And yours é a 10? e eu disse: - não tio, My name is Luis Henrique Camargo Duarte significa que meu nome é Luis Henrique Camargo Duarte e and yours quer dizer, e o seus? Meu nome é Luis Henrique e o seu nome qual é? Entendeu? Entendi! Bom nome de música esse o sr. não acha? Lá pra música 12 ou 13 ele disse que já tínhamos o suficiente e eu concordei dizendo que só faltavam umas 17 e ele mesmo assim achou que já era hora de pararmos.

Velhote e Quique

Das várias atrações anunciadas, apenas três [por motivo de gesso] tocaram na sexta feira, nóis, os caras do Cães do Cerrado e o Cidadão Comum. A primeira atração do noite foi o Cães do Cerrado, com seu punk rock cru e nacional que me soou estilão Plebe Rude / nacional 80, com um vocalista muito fera. No meio do show, um doido com três pontos de vantagem [1. usava bigode], [2. vestia uma camiseta da Revista Quase] e 3. [gostava de Leptospirose] subiu lá e cantou um rock agitado e cheio de empolgação jovial com os caras. Depois do Cães, o Cidadão Comum soltou vários sons de protesto no maior estilo rap/funk/rock. Chegou nossa vez. Subimos no palco, fomos apresentados por um casal-mestre-de-cerimônias bem massa, pedimos pra aumentar o som, uma galera chegou junto e a agressão começou geral, rock pra todo lado, som embolado no palco, três canções seguidas, uma conversa com a mesa de som pra melhorar a situação ali dentro - e - rock de novo ...

Antes da metade do show, o monitor de retorno que ficava do lado do Velhote explodiu, fumaça pra todo lado, nego da técnica desconsolado e mais rock. Quando voltamos do incêndio da caixa, o som estava um desastre, 100% sem referência com os caras da técnica sumidos do palco, fomos fazendo o que o cérebro autorizava e numa velocidade rockeira muito louca, fomos perdendo o andamento várias vezes, tacando o foda-se geral até o fim da parada. Achei nosso show meio longo, geralmente ele é menor, mas enfim ...
  
Serginho

Muitíssimo cansados vindos de atividades grotescamente radicais desde o fim de julho, partimos pro hotel e dormimos. As 6H30 da manhã Velhote acordou e disse que não iria voltar de avião, que estava sofrendo de pânico e que voltaria de ônibus. Entrei na van com Sergio, nos despedimos de Velhote e rock geral pro aeroporto - muito atrasados mais uma vez - quase perdendo o nosso segundo voo do fim de semana. Na área de embarque, numa correria muito doida pra encarar a aeronave, comprei uma revista Rolling Stone com a Dilmona na capa, entrei no avião e fiquei lendo sem parar até atingir o chão de Campinas, [como eu disse antes, tudo o que não está sob nosso controle em termos locomotivos nos atormenta e no meu caso, a literatura de revistas sempre salva]. Entrei em Bragança por volta das 13h00, liguei pra minha esposa, passei em casa, ela entrou com as crianças no carro, deixamos Serginho na casa dele e fomos pra uma festa infantil.

Velhote

Quique Brown
domingo 19/09/2010

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