15 de setembro de 2014

Bragança (En) Cena estreia novo espetáculo “vestígios”

Estreiou no dia 13 o novo espetáculo do Projeto Bragança (En)cena, vestígios.  A intervenção se dá na sede da Comunidade de Promoção Social – Comunidade Sorriso, antiga creche que se encontra fechada desde 2010 por falta de subvenção. 


O espetáculo será reapresentado gratuitamente nos dias 20, 27 e 28 de setembro e 04 de outubro, sempre às 16h30.


Realizado com o apoio do Programa de Ação Cultural – ProAC, da Secretaria de Cultura do Estado, o trabalho continua a pesquisa de intervenção cênica do coletivo que, no ano passado, levou à rua o espetáculo Lia encontra Jackson e juntos constroem uma canoa



As memórias deixadas no prédio através dos objetos, rabiscos e brinquedos, serviram de ponto de partida para a criação de imagens poéticas que estabelecem um diálogo entre o passado, sentido a partir das marcas e rastros ali deixados, e o presente, concretizado na presença dos artistas, que utilizaram suas próprias histórias para criar partituras que se fundem à memória do edifício.


Não há compromisso com a construção de uma narrativa. Este material toma forma através de imagens, situações e intervenções poéticas e performáticas, que incluem também a palavra, mas que explode para além dela, e cria uma obra de arte que transita entre diferentes linguagens, em especial a dança e as artes visuais. 


Cria-se, assim, um ambiente propício para a ação da memória involuntária do espectador, sem uma verossimilhança realista, com uma sensação próxima do rememorar e do sonhar, quando a mente produz imagens ilógicas, incoerentes e desarticuladas, das quais consciência consegue registrar apenas pequenos fragmentos.





A peça vestígios não se dá numa relação palco-platéia, mas como lugar a ser penetrado e investigado pelo espectador. Não se trata de uma ocupação de um espaço alternativo a partir do traçado prévio de um itinerário de público e cena, organizando assim uma narrativa – linear ou não, ficcional ou não. O espaço todo estará à disposição do público, que terá que escolher seus próprios itinerários. A escola é inteira e continuamente povoada por figuras, imagens, instalações, cenas, fantasmas. 


O sentido não se dá de forma direta, para um espectador passivo, mas este é chamado a tornar-se arqueólogo dessas memórias ao selecionar, combinar, interpretar os elementos díspares que lhe são oferecidos. Trata-se de uma peça-instalação, performance-galeria, uma superfície de eventos, plataforma de encontros e desencontros de uma memória explodida e de um teatro total. Banheiros, salas, cozinha, pátio, corredores, tudo é ocupado, não a partir de uma lógica representativa realista, mas de alusões e conexões livres, associações de ideias surrealistas, reverberações subjetivas, provocações irônicas.



O espectador é convidado a uma experiência onde ele e o intérprete estarão à deriva e se encontrarão na encruzilhada do Tempo, ao pôr do sol, numa celebração na qual o que foi, em sua facticidade, e o que poderia ter sido, em sua vasta gama de possibilidade, tornam-se o anverso e o reverso de um mesmo impulso criador que faz nascer o verdadeiro Tempo: o tempo do aconte-ser histórico do homem.





O Projeto Bragança (En)cena é realizado desde 2011, e propõe uma aproximação do processo pedagógico com o criativo, através de uma investigação que estabeleça diálogo entre as mais diversas linguagens artísticas, sem compromisso com uma  ideia geral pré-concebida de como fazer arte, buscando a construção de uma obra de arte específica, com uma coerência que é interna entre conceito, forma e conteúdo, e todos os outros elementos que juntos dão concretude à poesia.

Serviço:

vestígios

Projeto Bragança (En)cena


Dias 13, 20, 27, 28 de setembro e dia 04 de outubro, sempre às 16h30

Local: Comunidade Sorriso – Praça Belo Horizonte, 81, em frente à Praça do Cruzeiro

Entrada Gratuita

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