7 de dezembro de 2011

"Cine Bragança Apresenta"

Por Shel Almeida

Quando, em 2008, eu e mais alguns amigos resolvemos fazer um curta metragem sobre o fechamento do Cine Bragança, que encerrava suas atividades naquela época, não imaginávamos que registraríamos um capítulo importante da história cultural da cidade. A idéia surgiu por ser pertinente ao momento e também para que, talvez, pudéssemos entender o que estava acontecendo. O filme foi realizado em uma oficina de vídeo, com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O registro mais importante foi feito com o Seu Amaral, proprietário do Cine Bragança, de quem ouvimos um depoimento emocionado e saudoso.  É triste hoje perceber que nada mudou, na verdade piorou. 

Imagem do curta "Cine Bragança Apresenta"
O prédio do Cine Bragança foi vendido para uma rede de lojas. Um lugar onde se vendia sonhos (digam o que quiserem, cinema é sonho), se transformará em mais um produtor de consumismo. O Cineclube, que começava as atividades na mesma época, também já não existe mais. Logo após a realização desse projeto eu me juntei ao Edith Cultura e pude vivenciar, finalmente, o prazer de se trabalhar em prol da cultura. Hoje, nosso Cineclube está localizado dentro da escola EEMABA (http://bit.ly/vZ1YSl). Por enquanto, ainda não conseguimos retomar as atividades da maneira como gostaríamos. Como Seu Amaral bem sabe, trabalhar pela cultura é um serviço árduo e nem sempre valorizado.

Imagem do curta "Cine Bragança Apresenta"
Eu tinha o sonho chamar os amigos Nahida Ghattas, Ricardo Becker, Wagner Souza, Cauê Moraes, Maria Elena Cabrera e Magno Allan, que participaram comigo do projeto, para produzirmos outro filme assim que o prédio retomasse sua função cultural. Infelizmente isso não será possível. Como dito por Seu Amaral no filme, os bragantinos tiveram culpa no fechamento do último cinema da cidade. Não freqüentavam o local, mas hoje se lamentam quando passam em frente ao prédio.  Muitos que reclamam também nunca foram a uma sessão do Cineclube, espaço que funcionou entre os anos 2008 a 2010. É realmente muito triste, mas, ao menos, ficou o registro da história.


4 comentários:

  1. Vendo as lágrimas de S. Amaral, também me emocionei e chorei.... Assisti a muitas sessões no Cine Bragança e sinto que uma parte de mim morreu, quanta saudade esse cinema deixou...

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  2. Realmente, Maria Angélica. O que nos restou foi a saudade.

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  3. Como Paulistana nata e Bragantina por adoção há mais de 30 anos, já passei por essa tristeza cada vez que fechava um cinema tradicional em Sampa. E a cena se repete em Bragança!
    Sugestão? Temos excelentes historiadores e escritores bragantinos.Esse fato merece um registro literário.
    Meu pedido como amante da sétima arte: Não permitam que arrebentem também essa corrente que é o Cine Club...
    Valquíria

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  4. Lastimável!!
    Já que p/ o cinema não dava mais... apesar que na minha opinião foi falta de investimento em tecnologia de projeção e espaço físico, imaginem a quantidade de coisas em prol da cultura que o prédio poderia abrigar... acredito que faltou interesse politico e união da população.
    Perdemos mais uma vez p/ o capitalismo selvagem...

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