Quando,
em 2008, eu e mais alguns amigos resolvemos fazer um curta metragem sobre o
fechamento do Cine Bragança, que encerrava suas atividades naquela época, não
imaginávamos que registraríamos um capítulo importante da história cultural da cidade.
A idéia surgiu por ser pertinente ao momento e também para que, talvez,
pudéssemos entender o que estava acontecendo. O filme foi realizado em uma
oficina de vídeo, com o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. O
registro mais importante foi feito com o Seu Amaral, proprietário do Cine
Bragança, de quem ouvimos um depoimento emocionado e saudoso. É triste hoje perceber que nada mudou, na
verdade piorou.
Imagem do curta "Cine Bragança Apresenta" |
O prédio do Cine Bragança foi vendido para uma rede de lojas. Um
lugar onde se vendia sonhos (digam o que quiserem, cinema é sonho), se
transformará em mais um produtor de consumismo. O Cineclube, que começava as
atividades na mesma época, também já não existe mais. Logo após a realização
desse projeto eu me juntei ao Edith Cultura e pude vivenciar, finalmente, o
prazer de se trabalhar em prol da cultura. Hoje, nosso Cineclube está
localizado dentro da escola EEMABA (http://bit.ly/vZ1YSl). Por enquanto, ainda não conseguimos retomar
as atividades da maneira como gostaríamos. Como Seu Amaral bem sabe, trabalhar
pela cultura é um serviço árduo e nem sempre valorizado.
Imagem do curta "Cine Bragança Apresenta" |
Eu tinha o sonho
chamar os amigos Nahida Ghattas, Ricardo Becker, Wagner Souza, Cauê Moraes,
Maria Elena Cabrera e Magno Allan, que participaram comigo do projeto, para
produzirmos outro filme assim que o prédio retomasse sua função cultural.
Infelizmente isso não será possível. Como dito por Seu Amaral no filme, os
bragantinos tiveram culpa no fechamento do último cinema da cidade. Não
freqüentavam o local, mas hoje se lamentam quando passam em frente ao
prédio. Muitos que reclamam também nunca
foram a uma sessão do Cineclube, espaço que funcionou entre os anos 2008 a
2010. É realmente muito triste, mas, ao menos, ficou o registro da história.
Vendo as lágrimas de S. Amaral, também me emocionei e chorei.... Assisti a muitas sessões no Cine Bragança e sinto que uma parte de mim morreu, quanta saudade esse cinema deixou...
ResponderExcluirRealmente, Maria Angélica. O que nos restou foi a saudade.
ResponderExcluirComo Paulistana nata e Bragantina por adoção há mais de 30 anos, já passei por essa tristeza cada vez que fechava um cinema tradicional em Sampa. E a cena se repete em Bragança!
ResponderExcluirSugestão? Temos excelentes historiadores e escritores bragantinos.Esse fato merece um registro literário.
Meu pedido como amante da sétima arte: Não permitam que arrebentem também essa corrente que é o Cine Club...
Valquíria
Lastimável!!
ResponderExcluirJá que p/ o cinema não dava mais... apesar que na minha opinião foi falta de investimento em tecnologia de projeção e espaço físico, imaginem a quantidade de coisas em prol da cultura que o prédio poderia abrigar... acredito que faltou interesse politico e união da população.
Perdemos mais uma vez p/ o capitalismo selvagem...