28 de abril de 2012

O poder da “Economia Nova”


Por Daniela Verde e Marina Amazonas

O Brasil já foi considerado o país do futuro, teve um presidente apelidado de ‘o cara’, por sua importância no cenário internacional, e agora tem, pela primeira vez na história, uma mulher como chefe maior do Poder Executivo. As provas reais do desenvolvimento do país estão por todos os lados. Mas apesar dos avanços visíveis na economia nacional, um setor continua relegado ao segundo plano: o cultural. Como se não fosse igualmente importante para o crescimento do país enquanto nação. É consenso entre estudiosos e analistas que não há desenvolvimento de fato sem acesso à cultura.

Precisamos ter em mente que desenvolvimento vai além da esfera econômica e envolve também melhorias territoriais, humanas e sociais. Todas, aliás, devem ser gerenciadas de forma sustentável para, assim, garantirmos que seus resultados se perpetuem. Claro que houve melhorias no setor. Prova disso é que, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Cultura (Minc), Vitor Ortiz, o orçamento da pasta para 2012 será um dos maiores da história. Mas o cenário atual ainda está longe de ser considerado ideal.


Imagem de Quique Brown   http://instagr.am/p/Js3PiJRfxq/

 Para avançarmos, mais que o repasse de recursos, é preciso encarar o setor cultural de forma multifacetada e enxergar nele possibilidades empreendedoras. Algumas iniciativas se destacam como possíveis modelos de negócios para embalar a chamada ‘Economia Nova’, que inclui difusão da cultura e do conhecimento, no entendimendo do próprio Minc e do BNDES. Em Recife (PE), o Festival Abril pro Rock (APR), que realizou sua vigésima edição no último fim de semana, é um expoente nacional. Por meio de shows, o evento tem como principais objetivos levar a música produzida em Pernambuco ao restante do país, revelando novas bandas. No sentido inverso, ele leva ao público pernambucano, grandes e emergentes nomes do rock nacional e internacional.


O APR estimula e contribui para o desenvolvimento da economia criativa, promovendo a circulação de bens e serviços culturais. Há três anos, uma programacão de minicursos foi integrada ao Festival. São temas altamente especializados, em áreas como fotografia de shows, videoclipe, música e empreendedorismo cultural, jornalismo e crítica musical, entre outros. A ampliação das atividades no Abril pro Rock só reforça a importância da ‘Economia Nova’.



    Imagem de Quique Brown   http://instagr.am/p/JsmTSjRf5F/

A iniciativa de unir ensino/trocas de conhecimento a uma agenda cultural proporciona a oportunidade de inclusão no mercado de trabalho e capacitação de profissionais, com ganhos sociais e econômicos (sim, gera renda!) ao estado de Pernambuco. Mas, infelizmente, por serem ativos intangíveis, eles não se encaixam nos paradigmas da economia industrial clássica, mas sim em um modelo que tende a colocar a inovação e a adaptação às mudanças em primeiro plano. Nesse modelo, a capacidade criativa, o material humano, tem tanto peso quanto o aporte de capital e por isso a capacitação frequente é tão relevante.

E Bragança?

Em menor escala orçamentária, isso já acontece por aqui. Citando apenas ações ligadas ao Edith Cultura, posso exemplificar o Festival Cardápio Underground, que promove a circulação de artistas de diversas áreas. O Festival de Arte Serrinha, que proporciona, além da circulação de artistas, cursos valiosos no quesito propriedade intelectual. Há ainda a programação do cineclube e toda a agenda de shows trazidos para a cidade, sempre buscando a multiplicação cultural.

Festival de Arte Serrinha
A economia da cultura tem ainda vasto potencial de produção e distribuição de riquezas de forma sustentável em Bragança Paulista. Seja através de iniciativas da sociedade civil organizada, poder público, terceiro setor ou (por que não?) da colaboração entre eles. Verdade seja dita, é possível, sim, trazer desenvolvimento para a cidade, com base nos conceitos da ‘Economia Nova’, através do estímulo à produção e difusão cultural. É um nicho da economia que devemos ficar de olho.

Daniela Verde é Diretora-Executiva do Edith Cultura. 
Marina Amazonas é jornalista e colaboradora do Edith Cultura.

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