O
Rock'n'Roll é um estilo que transcendeu os limites musicais e chegou à
literatura, teatro, cinema e moda. E o rock também foi influenciado pelos itens
citados acima. Exemplos não faltam. Quantas
bandas, principalmente da década de 60 não foram influenciadas pelos escritores
beats, como Allen Ginsberg, Jack Kerouac e Willian Burroughs? Basta fazer uma
rápida pesquisa e você verá o quanto o rock foi e é influenciado e quanto
influenciou também vários escritores.
Assim que o Rock'n'Roll
"estourou" em meados da década de 50, ele chegou aos cinemas e
influenciou todo o comportamento de jovens ao redor do planeta. E com essa
explosão, o rock passou a ter publicações em jornais e revistas especializadas
no assunto. Mas o lance da literatura pegou mesmo após os anos 60. Considerado
um porta-voz dessa geração, o cantor e compositor Bob Dylan foi influenciado
diretamente por um poeta, conhecido como Dylan Thomas, inclusive, foi dele o
nome artístico que Bob adotou. E depois disso, músicos e escritores passaram a
conviver sempre juntos, indo a shows, compondo em parcerias e com alguns
escritores participando de discos de bandas.
E além de escritores, nesta mesma
década começam a surgir os primeiros jornalistas especializados em rock, um dos
mais conhecidos foi Lester Bangs, editor da revista Creem. Ele também escreveu
para uma das revistas musicais mais
conhecidas, Rolling Stone, além de ter artigos publicados em outras mídias.
Para conhecer mais sobre o trabalho dele você pode assistir o filme "Quase
Famosos" ou ir até uma livraria próxima e adquirir o excelente livro,
embora póstumo, "Reações Psicóticas", onde é possível ler entrevistas
e textos escritos pelo jornalista.
Com a passar do tempo, muitos livros
sobre rock surgiram, sejam em ficção, biografias, poemas e etc, inclusive no
Brasil, um país em que o hábito da leitura é quase zero, vários jornalistas e
escritores lançaram e lançam suas obras. Nos anos 80, o escritor e dramaturgo,
Antonio Bivar, lançou um livro intitulado "O que é Punk", falando
sobre um movimento que era considerado "novo" e violento por grande
parte da população. Outro escritor que dedicou várias de suas obras ao rock foi
o jornalista Roberto Muggiati, que na mesma década lançou "O Grito e o
Mito", livro no qual comenta sobre o comportamento e músicas de várias
bandas clássicas de rock.
Recentemente outros dois jornalistas e especialistas em rock lançaram livros importantes em que falam de uma maneira geral do estilo ou de algum artista específico. Um deles é Kid Vinil, que em 2008, lançou o "Almanaque do Rock", onde cita os artistas e discos indispensáveis, desde o início do Rock'n'Roll até a metade da primeira década do século XXI. E o mais importante, Kid também citou as bandas de rock brasileiras. Já Fábio Massari, conhecido como o "Reverendo" pelo público que o acompanhava na MTV, lançou livros específicos sobre determinados locais e bandas. Entre suas obras estão: "Rumo à estação Islândia", "Emissões Noturnas" com suas lembranças da época em que trabalhou na extinta 89 FM e o livro dedicado a Frank Zappa, "Detritos Cósmicos", onde reuniu textos de vários fãs do guitarrista, sobre como conheceram a obra de Zappa, além de entrevistas feitas com o próprio músico, aí sim, entrevistas realizadas por Massari.
Agora, quem quer se aprofundar no
conhecimento na história do Rock'n'Roll, um dos livros mais interessantes é do
professor de "História do Rock", da Universidade do Oregon, Estados
Unidos, Paul Friedlander. Neste livro, o professor faz um apanhado de todo o
movimento, desde seu início até os anos 80. Além de contar um pouco sobre as
grandes bandas, Paul traça um perfil da sociedade na época em que os movimentos
mais relvantes aconteceram, como os "hippies" e os "punks"
e como o clima de cada época influenciou a música e o comportamento dos jovens.
Outro livro que ajuda a entender parte da história musical, principalmente do
surgimento do punk-rock, é o livro "Mate-me por favor" do escritores
Legs McNeil e Gillian McCain.
Mas para quem já conhece a história
e está a fim de uma leitura apenas para descontrair, um dos livros mais legais
para os amantes, não só do rock, mas de blues, jazz, country e soul, é o livro
do escritor inglês Nick Hornby, intitulado "Alta Fidelidade". No
livro, Nick conta a estória de um sujeito de 35 anos, viciado em cultura pop,
que vive em um pequeno apartamento no norte de Londres, cercado de discos e
CD's e dono de uma loja dos materiais que coleciona.
Dois brasileiros muito conhecidos do
público que acompanha o rock underground atualmente também aproveitaram a onda
literária e lançaram suas obras. O empresário, músico e agitador cultural Fábio
Mozine, lançou há alguns anos um livro que relatou a viagem que uma de suas
bandas, neste caso o Merda, fez pelo Brasil, Argentina e Uruguai. O livro tem
boas histórias da estrada e várias fotos que ilustram o dia a dia de uma banda
independente em turnê. Quem também passeou pelo mercado literário foi Quique
Brown, guitarrista e vocalista da banda Leptospirose e diretor da escola Jardim
Elétrico.
Logo após o retorno da primeira
turnê da Leptospirose pela Europa, em 2007, Quique lançou "Guitarra e osso
quebrados". No livro, o autor conta o começo entusiasmado pela viagem, os
locais que passaram e tocaram e relata toda a história sobre o acidente que
sofreram cerca de 10 dias depois de chegarem ao velho continente.
Então é isso. O que escrevi aqui não
representa nem um milésimo da quantidade de livros lançados sobre música, não
só no Brasil, como também no mundo. Há vários romances de ficção relatando
estórias parecidas com as de Hornby, há centenas e centenas de biografias sobre
bandas, músicos e movimentos musicais, sem contar das revistas especializadas
que ainda são encontradas nas bancas de jornais.
Ivan Gomes,
34, editor do fanzine/blog Canibal Vegetariano e produtor e apresentador do
programa A HORA DO CANIBAL, apresentado aos sábados, das 10h às 12h, pela rádio
web Itatikids.
Para ouvir
a A HORA DO CANIBAL acesse: http://www.itatikids.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe-nos um comentario,aceitamos sugestões!