19 de maio de 2012

ASES – 20 anos


Por Henriette Effenberger

A Associação de Escritores de Bragança Paulista – ASES – fundada em 22 de fevereiro de 1992, surgiu a partir da ideia da escritora Lóla Prata, que já fazia parte da Associação de Poetas e Escritores da Baixada Santista, em reunir bragantinos que gostavam de escrever e se interessavam por literatura.

Na ocasião, a Pró-Reitoria da Universidade São Francisco promovia anualmente um concurso literário de crônicas e poesias e, conversando com o então Pró-Reitor Universitário, Antonio Carlos de Almeida, Lóla descobriu dezenas de pessoas residentes em Bragança que participaram e foram premiadas nesses concursos. Com esta primeira lista em mãos e o apoio do Pró-Reitor, a escritora procurou o Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal, cujo diretor na ocasião era Edilberto Daólio, que se entusiasmou pela ideia, cedeu o salão nobre para a primeira reunião e ele próprio convidou outras pessoas de seu conhecimento que, como ele, também compartilhavam o interesse literário.

Desenho da sede da ASES feito em um guardanapo , por Norberto de Moraes Alves

E a primeira reunião foi realizada no dia cinco de junho de 1991. Havia cerca de quarenta pessoas presentes e mais da metade delas compareceu também à segunda reunião onde efetivamente se tratou da criação da entidade, houve diversas sugestões de nomes para a entidade: Casa da Poesia, Casa do Escritor, Casa Bragantina de Letras, mas a sugestão vencedora em votação secreta foi Associação de Escritores de Bragança Paulista. Sugeriu-se também que se criasse ao invés de uma associação, uma academia de letras, mas o argumento de René Zmekhol foi definitivo: “academias têm por princípio o engessamento da literatura, número fechado de cadeiras e, regra geral, são contra à experimentação e ao novo”, disse ele. “Além de que contam com um número restrito de cadeiras. Precisamos de uma associação arejada, aberta a novos autores, sujeita a acertos e erros.”

Seis meses se passaram entre a primeira reunião e a fundação oficial da entidade, então já com estatutos registrados e devidamente documentada. A primeira diretoria foi formada assim: Presidente: Lóla Prata; Vice-Presidente: Gentil José Leme; Secretária: Maria Siriani Del Nero; Tesoureira: Henriette Effenberger
Na solenidade de inauguração, Dr. Josefran Berto Freire, à época presidente da Câmara Municipal, sugeriu que usássemos a sigla ASES – que ao mesmo tempo que é formada pelas sílabas iniciais das palavras associação e escritores, também remete a ideia dos “ases” carta mais importante do baralho, também usada como linguagem metafórica às pessoas que se destacam nas diversas atividades. E como ASES, até hoje, somos conhecidos.

Sede da ASES, fachada

A partir da data da fundação, saímos do ninho da USF e da Prefeitura e começamos a caminhar com nossas próprias pernas. Nômades, fomos acolhidos inicialmente pelo ex-presidente Norberto de Moraes Alves que, na ocasião, administrava um escritório no Shopping Jaguari. Meses depois o Sindicato dos Ferroviários de Bragança Paulista cedeu seu prédio no Jardim Europa para nossas reuniões mensais e ficamos lá por quase quatro anos. Em 1996, a Casa de Cultura Maestro Demétrio Kipman nos acolheu e até 2004, quando inauguramos nossa sede própria, ficamos lá instalados, usando todas as dependências do prédio da Sinfônica para nossas reuniões e eventos.

Em 1998, através de lei municipal de autoria do executivo - na época o prefeito era Dr. José de Lima - e com aprovação da Câmara Municipal, nos foi dado em comodato, por vinte anos, o prédio da rua Cel. Leme, 35. O contrato entre a ASES e a Prefeitura Municipal foi assinado no ano 2000.

Piso superior e sala de reuniões da ASES

O imóvel praticamente só possuía a fachada e as paredes laterais. O madeiramento estava tomado por cupins e o telhado praticamente desabando. Com a ajuda de muitos comerciantes locais e com a planta e projeto técnico realizados gratuitamente pelo arquiteto Luiz Eduardo Pannunzio, e a  realização de inúmeros eventos para arrecadar fundos, rifas, bingos, noites de pizza, etc, conseguimos levantar um segundo pavimento e adequar o prédio às nossas necessidades.

Finalmente a inauguração do prédio se deu no Dia do Escritor, 25 de Julho, do ano de 2004. Só não o terminamos antes por conta de uma disputa judicial. Apesar de toda a luta para conseguir recursos financeiros para o término da reforma, a ASES não interrompeu suas atividades em nenhum momento durante estes vinte anos. Realizamos 19 concursos estudantis (envolvendo alunos da rede de ensino de Bragança Paulista do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro do ensino médio); concluímos 18 concursos literários com abrangência nacional e internacional; lançamos quarenta e dois livros só de antologias de autores da ASES e de autores premiados em nossos concursos. 

Piso inferior e recepção da ASES

Os nossos escritores, individualmente, lançaram mais de trinta livros e receberam centenas de prêmios literários no Brasil, Portugal e Itália. Promovemos inúmeros saraus, oficinas e varais literários, homenageamos, publicamos biografias de escritores e educadores bragantinos, vivos e falecidos. Firmamos dezenas de parcerias com as mais diversas entidades: USF, FESB, Empresa Elétrica, Rotary Clube, Aeroclube, Orquestra Sinfônica, ARCAB, entre outras, como forma de divulgar os trabalhos dessas entidades aos alunos que participam de nossos concursos estudantis. Utilizamos telas de artistas plásticos bragantinos nas capas de nossos livros, divulgando-os também, porque sabemos que arte e cultura precisam andar de mãos dadas para atingir os objetivos que se propõem.

Temos consciência que nossas metas são audaciosas, que o caminho é árduo e ainda estamos dando os primeiros passos para transformar Bragança Paulista na Cidade Poesia que ostenta como perífrase, mas talvez seja essa consciência que, a cada dia, nos motiva a trabalhar mais e melhor.


Todas as imagens são do Arquivo ASES

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