E 2012
prepara-se para dizer adeus. Agora, se o mundo não acabar em dezembro, que
venha 2013. Com ele renasce a esperança que dias melhores possam ocorrer.
Quando um ano se inicia, as pessoas se enchem de esperança, trocas de
gentilezas e entre outros votos. Conforme os dias passam e todos retomam suas
rotinas, nota-se que nada será diferente e continuam tocando cada um a sua
vida.
O cenário
musical apresentou grandes shows no Brasil durante este ano, principalmente de
nomes considerados importantes, como foi o caso do Foo Fighters, no
Lollapallozza. O cenário independente também esteve bastante agitado, com
várias bandas que lançaram discos, casos como Merda (Índio Cocalero) e
Estudantes (Pedras Portuguesas na sua Cabeça). Houve bons shows e muitos
tentaram agitar alguns movimentos para apresentar bandas que estão no começo de
suas carreiras ou que há anos batalha espaço entre os independentes.
Nesses dez
meses, nós acompanhamos o agravamento da crise mundial, ou a crise do
capitalismo que dá mostras cada vez mais nítidas que este é um sistema em
colapso e mais cedo ou mais tarde virá abaixo. Os governos injetaram milhões e
milhões de dólares em bancos privados e mostraram mais uma vez que o que
interessa é produzir, é explorar. Enquanto o governo brasileiro injeta grana na
indústria, corta verba da saúde, da segurança, da educação. Aí perguntamos:
qual o futuro da nação?
Alguém também
pode se perguntar: o que o Rock'n'Roll tem a ver com isso? Tudo. Quantas
pessoas perderam seus empregos nesses meses? Quantos estudantes de música
deixaram de estudar devido ao desemprego? Quantas pessoas abriram mão de sair
aos finais de semana e se divertir devido a falta de dinheiro? Aumento de preço
dos discos. O encerramento de pequenos comércios que trabalhavam com música.
Quantas revistas especializadas deixaram de ser publicadas?
Que os
governantes, os novos e os reeleitos, acordem e vejam o quanto é importante não
apenas investir em formação profissional, mas em formação de pessoas, investir
em cultura e educação é investir em um mundo com mais oportunidades, uma
sociedade pensante e culta se torna menos violenta, menos hipócrita. Uma
sociedade em que pessoas tem acesso à cultura, não permite que governantes
corruptos se perpetuem no poder, ou fiquem "pagando" de coitadinhos.
Enquanto
mais as pessoas procuram se isolar, nós, os marginais, continuamos aqui,
tocando em nossas bandas, correndo atrás de shows, agitando festivais, editando
zines e blogs, procurando levar um pouco que seja de diversão e cultura para os
outros. Procurando aprender e ensinar, dividir e compartilhar. Em quantos shows
não vemos pessoas, às vezes, que nem se conhecem utilizando da mesma caixa de
som ou do mesmo instrumento? Pois apesar de estranhos, tem o mesmo objetivo.
Quantas amizades são feitas, quantas culturas diferentes conhecemos, porque se
negar a fazer parte do mundo? Por que ficar construindo muros? Nós não devemos
nos contentar em sermos cidadãos de nossas cidades, ou países e sim cidadãos do
mundo, pois como dizia Sartre, "a vida é finita, porém ilimitada".
A crise
perdurará, até o momento em que os governos investirem em grandes empresas
falídas e não nos médios, pequenos e micro empresários. Até enquanto a educação
continuar a ser tratada como uma piada e a cultura for desprezada. Que venham
os novos tempos!
Por Ivan
Gomes, editor do blog Canibal Vegetariano
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