7 de dezembro de 2013

Cyberpsicodelia Atômica

Por Marcos Pedregoso

Se o primeiro dia do “Séries Instrumentais” foi marcado pelo clima intimista do Atêlie da Fazenda Serrinha e o violão de Rafael Schimidt, o segundo destacou-se pela arquitetura vanguardista do Teatro Rural Busca Vida e a sonoridade cyberpsicodélica de Suzano, Alex Meirelles e Maurício Negão. O prelúdio do que viria a ser a apresentação do trio pode ser pressentido durante as atividades da residência musical que aconteceram no período da tarde na Fazenda Serrinha. Suzano discorreu sobre o uso das novas tecnologias na música e contou um pouco como tem pensado o uso desses instrumentos em seu trabalho.

  
Mas foi no palco do Teatro Rural Busca Vida que se pode ter uma ideia mais definida de como Suzano tem usado as novas tecnologias atuais. O trio irrompeu tocando uma versão eletrizante da música “Samba Makossa” de Chico Science. O peso da batida do pandeiro inconfundível de Suzano, as inserções alucinógenas de sintetizadores e teclados de Alex Meirelles e os pedais mágicos da guitarra de Maurício Negão não deixaram dúvida da proposta eletrônica e psicodélica da noite.  



Daí em diante o show transcorreu alternando músicas de batidas mais pesadas que prendiam o ouvinte à terra e experimentações transcendentais que elevavam os ouvintes às alturas. A atmosfera psicodélica ficou ainda mais acentuada com a montagem do palco cujo fundo ficou aberto para o lado de fora do Teatro. Atrás dos músicos via-se o céu e as árvores balançar com a leve brisa que passava pela agradável noite na Serrinha. 


Jogos de luzes colocados na parte externa traziam ainda mais efeitos visuais para as experimentações sonoras dos músicos. Música instrumental brasileira? À primeira vista poderia se pensar que não, pois não é típico identificarmos a música instrumental brasileira com as experimentações eletrônicas e tecnológicas. Mas engana-se quem se limite a essa visão, o que se presenciou é a ousadia de músicos, formados na velha guarda, buscando construir um diálogo entre a tradição e as novas sonoridades tecnológicas. Em poucas palavras, uma experiência cyberpsicodélica de ritmos brasileiros.  


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